Sacolão Popular do MST é inaugurado na Mooca

O último sábado (24) marcou a inauguração do primeiro sacolão popular do MST, na Mooca, bem na divisa com Belenzinho. Com fruto do trabalho do Movimento Sem Terra, a iniciativa se junta a Pastoral do Povo da Rua, do padre Júlio Lancellotti, para democratizar o acesso a alimentos agroecológicos com preços populares e eventos de distribuição à quem mais precisa. 

O Sacolão Popular Irmão Pedro Betancur presta homenagem ao missionário espanhol que dedicou a vida às pessoas em vulnerabilidade, no século 17, mais tarde santificado pela igreja católica. Na inauguração, realizou um “banquetaço” solidário para a população em situação de rua, assistida pelo Padre Júlio, com alimentos oriundos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

A produção de alimentos é realizada em assentamentos*, quilombos, aldeias indígenas ou em espaços de pequenos agricultores que, por meio do MST, garantem a renda familiar. No sacolão, é possível adquirir hortaliças, frutas, legumes e verduras a preço de custo, contribuindo com o projeto e demais ações solidárias. Quem puder pagar um pouco mais, contribui mais com a iniciativa.

O MST lidera há mais de dez anos a maior produção de arroz orgânico da América Latina, conforme o Instituto Riograndense de Arroz (Irga). A estimativa é colher mais de 16 mil toneladas na safra 2022/2023, em uma área de 3,2 mil hectares, segundo levantamento do Grupo Gestor.

Ao longo do ano, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Governo Federal, vai subsidiar a produção do sacolão com recursos de R$ 495 mil, adquirindo cerca de 63,48 toneladas de alimentos, beneficiando 33 produtores. Os produtos serão destinados ao instituto Irmão Pedro Betancur e deverão atender 770 pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional.

O intuito do MST é criar uma rede de sacolões na capital e no interior do estado. A primeira iniciativa de comercialização de alimentos do movimento foi o Armazém do Campo, no bairro Campos Elísios, em São Paulo. A loja reúne produtos da Reforma Agrária e da Agricultura Familiar Camponesa, se espalhando para 25 lojas físicas em todo o Brasil, ao longo de seis anos de existência, além da loja on-line.

O sacolão popular do MST fica na rua Siqueira Cardoso, 297, entre Mooca e Belenzinho. Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira das 08h às 14h.

Fotos por Priscila Ramos e Filipe Augusto Peres

De onde vêm os alimentos do Sacolão Popular do MST

A produção agroecológica do MST vem dos assentamentos, territórios conquistados pelas famílias trabalhadoras Sem Terra. Eram latifúndios improdutivos, grilados, com crimes ambientais e/ou trabalhistas que, pela luta por direitos e pela Reforma Agrária, foram transformados em território de reprodução social das famílias camponesas.

As famílias assentadas vivem, trabalham e produzem principalmente alimentos, como objetivo principal a soberania alimentar, ou seja, garantir a produção de alimentos saudáveis, acessíveis ao povo brasileiro, seja em nível municipal, estadual ou mesmo nacional. 

As cadeias produtivas mais consolidadas nos assentamentos do MST são do arroz, leite, carne, café, cacau, sementes, mandioca, cana-de-açúcar e grãos. 

O combate à desigualdade, à fome e à miséria estão entre os propósitos que guiam o trabalho rural, ecológico e educacional do movimento. Assim, ações solidárias são constantes, com doação de alimentos até mesmo para fora do país, em locais em situação de guerra ou calamidade.

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