Urban Farm: fazenda urbana no ipiranga cultiva e vende orgânicos
Estima-se que mais de 4 mil agrotóxicos “temperam” a comida no Brasil. Em contrapartida, há quem cultive comida sem veneno no próprio quintal. A Urban Farm é uma fazenda urbana no Ipiranga, que planta e vende orgânicos.. No meio da selva de pedra, temos um oásis da alimentação consciente.
Estamos num país com imensa biodiversidade alimentar, mas, na verdade, é triste se aprofundar no que o brasileiro realmente consome. Seja pelo o que as gôndolas dos supermercados oferecem ou pelo o que a população tem condições de comprar, um único ingrediente “oculto” se faz presente na refeição: os agrotóxicos.
Quanto maior o número de ruralistas atuando no governo e menor a criação de leis e ações em prol da saúde da população, mais agrotóxicos serão liberados, afinal, é preciso fazer dinheiro sob a bandeira de que “o agro é pop”.
Temos no Brasil um total de 411 pesticidas extrema ou altamente tóxicos, liberados apenas em 2021. Destes, apenas 9 são de baixo impacto, demonstrando que o país vai na contramão do que propõe a União Europeia em termos de alimentação mais limpa e segura, por exemplo.
Uma matéria publicada pela National Geographic, de 2019, oferece de bandeja uma porção de informações sobre o assunto. Num levantamento bem rápido com dados do Ministério da Agricultura, tivemos o seguinte crescimento no número de novos defensivos agrícolas aprovados nos últimos anos:
- 2016………..277
- 2017………..404
- 2018………..449
- 2019………..474
- 2020………..493
Os dados são preocupantes porque embora não haja todos esses pesticidas liberados diretamente no que consumimos, com certeza há um ou mais deles em todos os alimentos industrializados e não orgânicos adquiridos no mercado, no sacolão, no hortifruti, na quitanda da esquina ou na feira livre.
Os agrotóxicos não se resumem às frutas e hortaliças. Contaminam também o solo, a água e a atmosfera, chegando consequentemente aos alimentos processados, como milho, trigo e leite.
E não adianta “lavar bem” ou passar produtos que prometem retirá-los. Embora seja fundamental lavá-los, o resíduo não sai completamente porque entram nos tecidos vegetais através da seiva. Cruel, né?
Semeando a (r)evolução a cada dia
Indo na contramão das ações do Executivo, vizinhos e cidadãos como o César Bisconti visam tornar a alimentação orgânica possível. No final de 2017, começou a transformar quintal da casa otagenária dos avós, o italiano Francisco e a portuguesa Maria, numa fazenda urbana vertical.
Lá se deu início a tanto dos métodos convencionais de plantio, direto no solo, quanto de hidropônicos, cultivo feito na água, mantido por meio de canos de PVC ou até mesmo garrafas Pet.
O economista e empreendedor ficou 15 anos atuando no financeiro de uma indústria metalúrgica, até que resolveu mudar o rumo da vida a partir da crise econômica na era Dilma-Temer e do nascimento dos filhos, quando a preocupação com a alimentação ganhou novas camadas.
“O famoso fotógrafo Robert Frank uma vez declarou que a maneira que se vive é, por si só, um ato político. Sob esse ponto de vista, quando fazemos escolhas conscientes no nosso dia a dia, como uma lista de compras, por exemplo, podemos nos considerar agentes políticos”, disse ao IpirangaFeelings.
o agricultor urbano construiu uma horta no meio do bairro, onde todos podem conhecer e colher hortaliças. O modelo de negócio sugere planos de expansão para outras regiões de são paulo.
O espaço perdurou até ceder à especulação imobiliária massiva do Ipiranga, mas a boa notícia é que foi parar em um endereço maior e que continua com o charme da arquitetura do século passado. A mudança também trouxe maior variedade e produção de alimentos, um aumento na capacidade e na diversidade da quitanda.
Hoje, a fazenda urbana funciona num casarão colonial, com pé direito alto, colunas, portas e janelas de madeira que dão as boas vindas, enquanto o amplo terreno aos fundos acolhe 35 canteiros que brotam o ano todo nos 300 metros de chão, respeitando a sazonalidade das espécies.
César se envolveu com pequenos produtores, tornando-se membro e depois diretor executivo da Associação de Agricultores Orgânicos da Zona Leste, que envolve 40 famílias e dá suporte e abastecimento para seu pequeno negócio, trazendo mais variedade a cada temporada.
Na lojinha local, que tem feira livre de veneno aos sábados, há ainda outros tipos de produtos, como geleias, cogumelos e cereais, além de linhas veganas e cosméticos naturais. Há também barracas de marcas veganas, como a Soul Terra e a Momo Cookies.
Atualmente na Urban Farm são cultivadas em torno de 1.400 kg de verduras por mês, além de serem comercializadas 60 espécies e 20 tipos de alimentos 100% orgânicos.
Para além da venda, é um espaço onde crianças e adultos observam de perto de onde vêm a comida, encontram coisas diferentes das gôndolas do supermercado, colhem as hortaliças que vão levar, aprendem sobre compostagem, plantio e preservação em oficinas.
O modelo de negócio de agroecologia urbana, que ainda é independente, segue em expansão, com projetos futuros para permear outras regiões da cidade. Mas, por ora, essa roça é exclusividade do Ipiranga!
Quem não está com tempo para sair de casa para ir à fazenda urbana no Ipiranga pode pedir os itens por delivery ou uma cesta via WhatsApp, que é surpresa, de acordo com os alimentos disponíveis, e renovada semanalmente.
Foi por causa desse lugar que o IpirangaFeelings provou cenoura roxa, beterraba laranja e outras coisas zero convencionais, diversificando o que chega no prato. Isso é autonomia alimentar, sabedoria do que é da terra e saúde.
Vai lá!
A Urban Farm funciona de seg. a sex. das 9h30 às 17h; sábado das 9h às 13h, na R. Cipriano Barata, 2441 — Ipiranga
Sou produtor de húmus de minhoca estou em Aparecida São Paulo minha vida foi sendo lojista no Cambuci, se precisar de húmus farei um preço muito especial
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