Ipiranga é líder em furto e roubo de carros; celulares também são alvo

Em meio a tanta desigualdade social, os índices de violência não tendem a cair. Segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo de 2023, o bairro Ipiranga é líder em furto e roubo de carros em comparação com dados de 2022.

Uma apuração detalhada feita pelo UOL junto a empresa de rastreamento Ituran mostra que de janeiro a dezembro de 2023 os registros apontam para 57.501 casos de roubos e furtos de carros de passeio na Capital e na Grande São Paulo. No ano anterior, as ocorrências chegaram a 53.154. No recorte da capital paulista, houve aumento nos casos de roubo ou furto, chegando a 9,3% em 2023, com 35.248 ocorrências. Em 2022, o número ficou em 32.257.

O bairro Ipiranga teve alta de 20,9% em 2023 nas ocorrências, sendo assim considerado o maior no índice de furto e roubo de carros. A região registrou 968 denúncias no ano passado, enquanto em 2022 foram 780. Não muito distante dali, o Tatuapé é igualmente visado e aparece em seguida, com 924 roubo de veículos. Em 2022, foram 880 registros. Em terceiro lugar está Itaquera, com 797 roubos.

Confira abaixo os modelos de automóveis mais visados, conforme a pesquisa da Ituran:

  • Volkswagen Gol
  • Fiat Uno
  • Chevrolet Onix
  • Hyundai HB20
  • Chevrolet Corsa
  • Ford Ka
  • Fiat Palio
  • Fiat Argo
  • Volkswagen Fox
  • Renault Sandero

Considerando que dificilmente alguém não reportaria um roubo de veículo, os números são mais concretos do que em relação a outros crimes, como roubo de celular, no qual há maior desistência de denúncia. Uma matéria da Folha de São Paulo, porém, indica que roubos de carro despencaram na última década e explica os possíveis motivos, como a Lei do Desmanche e mudanças na dinâmica do crime organizado.

Foto: divulgação

Roubo de celulares no Ipiranga

Ao longo do ano de 2023, o Estado de São Paulo registrou 160.038 casos de furto e 141.313 casos de roubo de aparelhos celulares, totalizando 301.351 ocorrências durante o período. Apesar da grandeza dos números, o total de registros é 10% menor do que o registrado em 2022.

Passado o período de Carnaval, houve uma tendência de diminuição mais acentuada nas ocorrências, atribuída a várias razões, incluindo esforços de prevenção de crimes, melhorias na segurança pública, ou mudanças sazonais no comportamento social e padrões de atividade.

Os números figuram em levantamento realizado pelo Departamento de Economia do Crime da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) realizado a partir da compilação de boletins de ocorrência registrados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP).

Na capital paulista, os bairros centrais e os bairros considerados mais nobres lideram em número de ocorrências, enquanto os bairros mais periféricos, apesar de sua grande população, registram números menores. Na lista, o Ipiranga aparece em 17º lugar, com 2.226 ocorrências, sendo 1.211 de furto e 1.015 de roubo de celulares. Entre as vias com grande número de delitos, a Av. do Estado costuma ser alvo de criminosos, com 1.438 roubos registrados.

República (6.028 casos) e Bela Vista (5.420 casos), bairros centrais, mostram um alto número de roubos e furtos, o que pode ser atribuído à alta densidade populacional e à grande circulação de pessoas. Pinheiros (5.154 casos) e Itaim Bibi (3.543), conhecidos por serem bairros nobres e com intensa atividade comercial, também apresentam números elevados.

Outros bairros centrais e de alto padrão, como Jardim Paulista (3137 casos), Vila Mariana (2990 casos) e Consolação (este aparece duas vezes na tabela, possivelmente devido a duplicidade do nome nos registros dos boletins de ocorrência, somando 4.584 casos), mostram números significativos, reforçando a tendência de que áreas com maior poder aquisitivo e concentração de atividades comerciais são mais visadas.

Entre as vias, a Avenida Paulista lidera com um total de 3.362 ocorrências, sendo 2.825 furtos e 537 roubos. Sua importância como centro financeiro e cultural, com grande fluxo de pedestres e turistas, faz dela um local com alta incidência de crimes contra o patrimônio.

Segundo o professor pesquisador responsável pelo levantamento, Erivaldo Vieira, a concentração de ocorrências em bairros centrais e nobres pode ser explicada por diversos fatores, como a presença de áreas turísticas, grande fluxo de pessoas, atividades noturnas e a presença de smartphones de alto valor nesses locais. “Enquanto isso, os bairros periféricos, apesar de terem grandes populações, parecem ter menos incidências, o que pode estar relacionado a um menor fluxo de pessoas com celulares de alto valor nas vias públicas ou diferentes níveis de vigilância e segurança”, complementa o professor da FECAP.

O Capão Redondo, um bairro da periferia, destaca-se pelo alto número de roubos (2.388 casos), mas um número menor de furtos (557 casos), o que pode indicar uma dinâmica de crime diferente das áreas centrais. Campo Limpo (2.068 casos) e Grajaú (1.984 casos), também na periferia, apresentam um total de ocorrências menores em comparação com os bairros centrais e nobres, apesar de sua população densa. Isso pode refletir uma menor concentração de alvos potenciais, como turistas e áreas de alto comércio, que são mais comuns no centro e bairros nobres.

Locais e período de maior incidência

Com relação ao período do dia em que as ocorrências ocorreram, 32% foram à noite, (menor visibilidade e vigilância, tornando-se um período propenso para tais crimes), 25% de madrugada (período em que há menos pessoas nas ruas, aliado a menor vigilância), 27% à tarde (mesmo em horários de maior movimentação, os roubos e furtos ainda são frequentes), 15% pela manhã (mostrando que o risco de ocorrências é distribuído ao longo de todo o dia) e 1% das ocorrências foi categorizada nos boletins de ocorrência como “em hora incerta”, o que sugere casos em que o momento exato do crime não foi determinado ou informado.

“Contudo, como muitas das ocorrências não têm especificadas os dados de período do dia, não podemos determinar com precisão o perfil completo do risco ao longo do dia. É importante para as autoridades policiais e para a população estarem ciente da importância do correto registro da ocorrência para uma interpretação mais precisa dos dados e para a formulação de estratégias de prevenção de crimes”, diz o professor.

A maioria dos furtos e roubos de celulares ocorre em vias públicas, totalizando mais de 146 mil casos. Terminais e estações de transporte vêm em segundo, com cerca de 13,5 mil ocorrências, indicando um risco elevado nesses locais de grande fluxo de pessoas. Residências, embora menos frequentes, também são visadas, com mais de 1,6 mil casos.

Comércios, estacionamentos e restaurantes registram números menores, mas ainda significativos, refletindo a oportunidade que esses ambientes oferecem para os criminosos. Locais de lazer e shopping centers apresentam os menores índices, sugerindo que, apesar da presença de segurança, ainda ocorrem delitos. Em geral, locais com grande circulação de pessoas são os mais afetados.

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