Conheça o projeto de ampliação do parque da independência

Em janeiro do ano passado, falamos aqui sobre a ampliação do Parque da Independência, no bairro Ipiranga, que ganhará 21.188 m² de acréscimo no terreno. O anexo permaneceu fechado por pelo menos 20 anos, foi ameaçado por construtoras e, após tombado, enfim ganhará um uso digno como bem público para a população.

O histórico do Parque da Independência, que completou 32 anos em setembro deste ano, é conturbado. Em um passado já distante, havia ali na esquina entre a rua dos Sorocabanos e a rua Bom Pastor o Instituto Bom Pastor, edifício católico que funcionava como abrigo de órfãos e seminário. Depois foi a vez de uma escola de dança ocupar o local. E, já na década de 90, foi demolido quando a construtora MZM queria erguer um edifício na mesma área. As ruínas podem ser vistas até hoje.

Na época, a comunidade do bairro se mobilizou para preservar a pequenina e discreta Igreja Ortodoxa Russa da Anunciação da Santíssima Mãe de Deus, do Patriarcado de Moscou, que ocupa o mesmo espaço desde 1892. Foi uma vitória, visto que na mesma época órgãos públicos começaram a tombar a esquecida área verde “anexa” ao parque.

O primeiro tombamento aconteceu em 3 de abril de 1975 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico). Em 1991 foi a vez da Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) e em 1997 o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) também incluiu o conjunto Museu do Ipiranga e Parque como bens que não poderão sofrer com a especulação imobiliária.

O futuro do parque

Apesar do tombamento, a área permanecia fechada entre grades e sem uso, com exceção da abertura do portão para as missas dominicais da igrejinha. Com a modernização do Museu do Ipiranga, o assunto enfim foi colocado em pauta e a Prefeitura de São Paulo anunciou a ampliação do Parque da Independência como parte do projeto e das celebrações do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro de 2022.

Conforme o IpirangaFeelings informou ano passado, o contrato de R$ 1,6 milhão foi assinado em maio de 2019 entre a Prefeitura de São Paulo e o Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (FEMA). Na época, foi anunciada a reforma dividida em duas partes: uma a ser entregue em junho de 2020 e a demais programada para o ano que vem.

Dessa maneira, o projeto contempla:

  • primeira fase: novos caminhos, acessos, melhorias na acessibilidade, playground, equipamento de ginástica, integração da Casa do Grito, jardim e iluminação.
  • segunda fase: pista de skate, vestiários, sala do Conselho Gestor e de apoio ao turista, viveiro, instalação de bancos e locais para piquenique, além de espaço para exposições arqueológicas.
  • Adaptações de acessibilidade e a transferência da antiga administração do parque do jardim francês, que será transformado em restaurante, para um edifício coberto de vegetação e painéis de energia solar estão entre os demais destaques.

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A cronologia das obras

O que o IpirangaFeelings pode constatar é que as obras de fato começaram em 2020 e foram paralisadas em virtude da pandemia de Covid-19. Numa retomada, porém, os planos não aconteceram como deveriam. Segundo fontes ouvidas por nós, a empresa contratada abandonou o projeto.

A implantação da primeira fase teria 8 meses de duração, sob os cuidados da empresa FFL – Sinalizaão, Comércio e Serviços Eireli, que recebeu o repasse de R$ 1.600,000,00. O prazo final era 12 de abril de 2020, quando deveriam ser entregues os caminhos, acessos, playground e equipamento de ginástica. 

Conforme fotos que fizemos em agosto de 2021, com a área já “aberta” ao público, os caminhos foram deixados pela metade, assim como os materiais comprados ficaram largados empilhados próximos à Casa do Grito. O terreno novamente ficou com cara de abandono e descaso.

Não tivemos justificativas consistentes das fontes consultadas sob sigilo em relação ao contrato abandonado pela FFL. Embora a rescisão unilateral, que indica descumprimento por uma das partes envolvidas, tenha sido sinalizada no site da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, não conseguimos ter acesso ao documento público.

Em tempo: no dia 17 de agosto foi indicada para contratação de obras e serviços para ampliação do Parque Independência e Revitalização do parquinho existente (este atrás do Museu do Ipiranga) a empresa “SOLUÇÕES SERVIÇOS TERCEIRIZADOS EIRELLI“.

Durante a apuração para a atualização dos fatos, consta no Diário Oficial a contratação de serviços para a segunda fase. Foi autorizado no dia 6 de setembro o repasse no valor de R$ 215.452,23 para contratação de pesquisa arqueológica complementar.

Seguimos aguardando o andamento das obras, que por ora estão longe de serem finalizadas a ponto do espaço se tornar agradável, funcional e seguro para os frequentadores.

Imagens: divulgação/SVMA e IpirangaFeelings

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Redação

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