Túnel na Sena Madureira pode remover 300 árvores e não resolve trânsito
Às vésperas das eleições municipais, a Prefeitura de São Paulo resolve tirar da gaveta o projeto de um túnel na Sena Madureira, uma das avenidas mais bonitas da Zona Sul, que pode derrubar 320 árvores e realocar 500 moradores para construir 500 metros de via subterrânea ao custo de R$ 531 milhões. O projeto, impedido pelo Ministério Público em 2011, só teve atualização no valor das obras.
Batizado de Complexo Viário Sena Madureira, a obra na Vila Mariana propõe dois túneis, que totalizam 1.651m de extensão (cerca de 500 metros de cada lado da via), sendo o túnel norte com início na Rua Sena Madureira, altura da R. Botucatu. Já o túnel sul terá início na mesma via, próximo à R. Mairinque. A Prefeitura começou os trabalhos no dia 16 de setembro, já isolando o canteiro central com tapumes.
Segundo a Secretaria de Mobilidade e Trânsito, o complexo viário promoverá a interligação da av. Ricardo Jafet aos complexos viários João Saad e Túnel Jânio Quadros, facilitando os deslocamentos entre as regiões da Vila Mariana, Ipiranga, Itaim Bibi e Morumbi.
A teoria é de que o túnel evitaria o gargalo de trânsito criado na Rua Engenheiro Armando de Virgilis, Rua Dr. Barros Cruz e Rua Vergueiro, uma das mais extensas e cada vez mais engarrafas de São Paulo. A Prefeitura alega que foram feitas atualizações “a fim de atender a todas as normas vigentes, desde aspectos de segurança até questões relativas à acessibilidade.”
Mais problemas do que soluções
Acontece que, na prática, existem algumas incongruências e justificativas vazias. Uma delas é de que a construção evita apenas um semáforo no cruzamento entre as avenidas Sena Madureira e Domingos de Morais.
Ao analisar o projeto, o túnel não ultrapassa a zona de congestionamento, parando na Rua Embuaçu, sem chegar na Av. Ricardo Jafet. A limitação da via seria no gargalo da Rua Dr. Barros Cruz, adicionando duas faixas de carro para chegar à Vergueiro.
A obra também desmonta a ciclofaixa da Sena Madureira, colocada há menos de dois anos, e não segue as diretrizes do Plano Diretor Estratégico (PDE), que deve priorizar o transporte coletivo e a mobilidade ativa. No caso, um corredor de ônibus também estava previsto no PDE e não foi colocado como prioridade.
Outro ponto crítico é de cunho socioambiental. O túnel prevê a remoção de 320 árvores na avenida Sena Madureira, muitas delas bem antigas e integrantes do bioma Mata Atlântica, como Pau Brasil, Jacarandá, Pau Ferro, Cedro e Tipuana, e espécies frutíferas, como carambola, nespereira, abacateiro, amoreira e mangueira.
Além disso, o túnel na Sena Madureira já começou a remover espécies de uma área de preservação permanente, nos arredores do Córrego Emboaçu, nascente que chega ao Córrego Ipiranga. A Prefeitura de São Paulo justifica a compensação de plantio de 266 mudas de espécies nativas do estado dentro do perímetro da obra.
Ao chegar à Rua Maurício Francisco Klabin, onde vive a comunidade da Souza Ramos, já se percebe o desmatamento, segundo relato dos moradores. Eles também se queixam das 118 desapropriações inadequadas, sem consulta sobre sua autorização, indenização ou futuro das famílias.
O Ministério Público de São Paulo foi mais uma vez acionado por meio da Rede Sustentabilidade para paralisação imediata das obras, em 23 de setembro de 2024.
Contratação passou pela Lava Jato
Foi em meados de 2008 que o túnel da Sena Madureira entrou em pauta no executivo municipal. Durante a gestão de Gilberto Kassab (2006-2012) foram assinados contratos ilícitos da ordem de R$ 218 milhões.
Em delação premiada, a construtora Queiroz Galvão (hoje chamada de Álya) admitiu o pagamento de propina de R$ 1 milhão ao Kassab para direcionar a licitação. Ao assumir como prefeito, em 2013, Fernando Haddad suspendeu a execução do projeto.
Ao ser arquivado o processo, a atual prefeito Ricardo Nunes desengavetou o projeto, 12 anos depois, sem alterar as empresas envolvidas em corrupção. Segundo comunicado oficial da Prefeitura, a contratada para as obras são as empresas Álya Construtora e Galvão Engenharia.
Moradores protestam contra o túnel na Sena Madureira
No dia 01 de outubro, a Prefeitura de São Paulo fez uma reunião no auditório da Subprefeitura Vila Mariana, aberta à participação popular. Os moradores lotaram o local, chegando a não ter estrutura suficiente para atender a todos.
Por isso, haverá uma nova reunião nesta quinta-feira (03), às 20h no auditório da biblioteca Viriato Correia, na Av. Sena Madureira, 298.
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Bom dia Carmem,
Qual vaga de emprego? O IpirangaFeelings é um site de notícias e essa matéria está falando sobre o túnel na Sena Madureira.
Um abraço
Inaceitavel!
O meio ambiente esta precisando tanto de mais arvores e esses desgovernos visando somente propinas …destaques….
E com essas manobras que volabor vom o aquevcmento global.