Escola de futebol na Aclimação está sem aulas há dois anos devido falta de professores
Uma das escolas de futebol mais tradicionais do país está fechada e sem previsão de reabertura. Localizada no Estádio Jack Marin e administrada pela Prefeitura de São Paulo, a escola de futebol na Aclimação segue sem aulas há dois anos. A justificativa dada pela Secretaria Municipal de Esportes (SEME) é a falta de professores, problema que já se prolonga por 730 dias.
Após receber a reclamação de uma moradora da região, o IpirangaFeelings entrou em contato com o órgão responsável em busca de respostas, que veio em forma de nota: “Há dois anos, os analistas (professores de educação física) do local se aposentaram. A SEME está aguardando respostas e visando em breve, a normalização desta demanda.”
A SEME reiterou que está em busca de profissionais para reposição das aulas de futebol de campo. Porém, o edital com chamamento público direcionado a professores de educação física da PMSP chegou apenas no dia 13 de janeiro de 2023 no Diário Oficial, sem indicar detalhes como salários e benefícios. Os interessados devem entrar em contato pelos telefones: DGPE (3396-6408) ou DGEE (3396-6424/ 6583).
Nota da redação • manter um equipamento público de tamanha importância e uma escola renomada sem professores pelo período de dois anos pode indicar duas coisas: desinteresse e descaso público; ou vaga pouco atraente para os profissionais. Não é aceitável a ideia de que em um período tão longo não tenham encontrado pessoas para compor a equipe, deixando a sensação de incompetência na gestão. Tal demora seria viável em qualquer outra empresa que presta serviços à população?
Escola Municipal foi a primeira da América Latina
Fundada em 1974, a Escola Municipal da Aclimação foi a primeira escola de futebol municipal do Brasil e da América Latina. O campo de grama sintética revelou talentos no esporte, como o Dida, que saiu da escolinha para jogar no Japão, Gerson Caçapa (Palmeiras, Atlético Paranaense e Bari e Lecce-Itália), Leandro Amaral (Portuguesa, São Paulo e Seleção Brasileira) e Paulo Sérgio (Corinthians, Bahia, Roma-Italia e campeão mundial em 1994 nos Estados Unidos).
O principal objetivo da escola é a peneira, ou seja, relevar grandes jogadores por meio das aulas e dos métodos pedagógicos de formação cidadã. O local chegou a atender cerca de 500 alunos inscritos, divididos por faixa etária, que participavam de torneiros e campeonatos municipais, além de terem acompanhamento escolar. Um tanto atrasada em relação às demandas da atualidade, a escola estava sem aulas e turmas para meninas quando em pleno funcionamento.
Com mais de 40 mil alunos ao longo dos anos, a escola foi reconhecida internacionalmente por ingleses, alemães, cubanos e coreanos que vieram para conhecer os métodos da escolinha, como é conhecida. Para além de todos os benefícios do esporte, a escola é um lugar de sonhos e de projeção, onde crianças e adolescentes investiam seus esforços na busca de ser o novo Neymar. Resta saber se a Prefeitura voltará a apostar nos futuros jogadores.
Outras atividades
O Centro Esportivo integrado ao parque oferece demais atividades gratuitas para os munícipes de todas as idades, tais como badminton, vôlei, ginástica, tai chi chuan, kung fu e biodança.
No segundo semestre do ano passado foram inauguradas quadras de areia multiuso adaptada para as praticas de beach tênis, futevôlei e vôlei, uma de futebol de salão e outra exclusiva para badminton. Em dezembro de 2022, saiu um edital no valor de R$ 1 milhão para a construção de um Ginásio de Esporte no estádio.
Para ficar sócio, basta comparecer na secretaria da escola com um documento de identidade, uma foto 3×4 e exame médico gratuito.
Horário de funcionamento da secretaria do estádio: 8h às 17h.
Horário de funcionamento: das 7h às 22h.
Horário de funcionamento de Finais de Semana / Feriados: 08h às 18h
Localização: Rua Muniz de Souza,1119 (dentro do Parque da Aclimação).
Telefone: 3271-0932
Essa é a mesma situação do Clube Público Flávio Calabresi, na rua das Municipalidades, 10 – Vila Independência. Meu filho treinava futebol de salão em 2019. No final daquele ano as aulas foram suspensas para reforma do equipamento público. A reforma teoricamente foi realizada mas com o início da pandemia de COVID as aulas foram suspensas e não retornaram mais. Já compareci pessoalmente ao equipamento em questão e fui informada pelos funcionários que não há professor e que antes das aulas serem retomadas será feita uma reforma no equipamento (mais uma!). Recebemos a informação que o equipamento público pode ser utilizado mas as condições de conservação não são boas. Cheguei a utilizar as quadras de forma recreativa com meu filho e minhas sobrinhas, levando nossos próprios equipamentos (bola de futebol, bola de basquete, raquetes e petecas de badminton) mas da última vez que fomos as tabelas de basquete tinha sido vandalizadas.
Ao mesmo tempo que isso ocorre foi inaugurada uma quadra de esportes de areia na praça do metro Tamanduateí na esquina entre as ruas Auriverde e rua Aída.
A questão é a que você aborda muito bem na sua reportagem: não basta construir equipamentos públicos, eles tem que ser mantidos e a manutenção passa pelas estruturas e pelos profissionais, caso contrário corremos o risco de repetir chavões sobre o como o esporte transforma a vida das pessoas, mas sem valorizar o profissional que estudou para promover a educação física, sem se preocupar com o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes e com uma vida saudável de adultos e idosos.