Cinema do Museu Lasar Segall volta a funcionar com boa programação de filmes

Referência na cidade de São Paulo por sua programação de excelência e pela qualidade da projeção, a sala de cinema do Museu Lasar Segall, na Vila Mariana, voltou a ativa após um breve hiato para reforma nos espaços. Com filmes nacionais e internacionais, a programação faz um misto entre lançamentos, clássicos e mostras.

O Cine Segall tem 82 lugares e conta com duas sessões diárias de filmes do circuito de arte (exceto terças, dia de fechamento do Museu). Os ingressos custam R$ 12 (meia) e R$ 25 (inteira), com funcionamento inclusive em feriados. Às segundas e quartas, todos pagam meia.

Aos sábados e domingos, além das sessões regulares, há uma faixa adicional dedicada a mostras temáticas, oferecendo ao público um panorama do melhor do cinema mundial por R$ 4.

Um dos mais aclamados filmes brasileiros dos últimos tempos, o recente “Ainda Estou Aqui” está em cartaz até o dia 27 de novembro. Além dele, a atual programação conta com “O Quarto ao Lado” (às 17h) e uma seleção do melhor do Festival Varilux de Cinema Francês (sempre às 19h) até 20 de novembro.

A Mostra Cinema de Autora, nossa sessão extra dos fins de semana, destaca Margarethe von Trotta, pioneira do Cinema Novo Alemão e hoje uma das mais prestigiadas diretoras da Alemanha. Von Trotta era uma atriz de sucesso quando decidiu levar seu olhar feminista para trás das câmeras. O filme de sábado, “Os Anos de Chumbo”, conquistou o Leão de Ouro no Festival de Veneza (Melhor Filme Estrangeiro); o de domingo, “Hannah Arendt”, foi indicado a Melhor Filme no Prêmio de Cinema Alemão. Para a Mostra, é cobrado valor único de R$4.

Se chegar cedo, aproveite para visitar a exposição “Gravuras, desenhos e sonhos” de Lucila Sartori.

Foto: divulgação/Governo Federal

Programação do Cine Segall em novembro

  • Ainda Estou Aqui | sessão às 16h35 nos dias 21, 22, 24, 25 e 27 de novembro
    2024, Brasil, 135 min, 14 anos, DCP
    Direção: Walter Salles
    Elenco: Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Selton Mello
    Sinopse: Rio de Janeiro, início dos anos 1970. O país enfrenta o endurecimento da ditadura militar. Os Paiva — Rubens, Eunice e seus cinco filhos — vivem na frente da praia, em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice, cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas, é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos. Baseado no livro biográfico de Marcelo Rubens Paiva.

Excepcionalmente no sábado (23) não haverá sessão de Ainda Estou Aqui.

  • O Quarto ao Lado | sessão às 17h no dia 20; e às 19h nos dias 21, 22, 23, 24, 25 e 27 de novembro
    The Room Next Door, 2024, EUA, 107 min, 14 anos, DCP
    Direção: Pedro Almodóvar
    Elenco: Tilda Swinton, Julianne Moore, John Turturro
    Sinopse: Ingrid e Martha eram amigas muito próximas na juventude, quando trabalhavam juntas na mesma revista, mas circunstâncias da vida as separaram. Ingrid tornou-se escritora, Martha seguiu carreira como repórter de guerra. Após anos sem contato, elas se reencontram em uma situação extrema, porém estranhamente doce.
  • As Faces de Toni Erdmann, de Maren Ade | sessão no sábado 23/11 às 14h15
    Toni Erdmann, 2016, Alemanha, 162 min
    Elenco: Peter Simonischek, Sandra Hüller, Michael Wittenborn
    Sinopse: Winfried, um homem brincalhão, tenta se reconectar com sua filha Inês, criando o alter ego Toni Erdmann. Ele invade o ambiente de trabalho dela, causando situações inusitadas.
    Competição oficial do Festival de Cannes 2016

Confira a programação completa da Mostra Cinema de Autora

  • Um Peixe Fora d’Água, de Maren Ade | sessão única no domingo 24/11 às 15h
    Der Wald vor lauter Bäumen, 2003, Alemanha, 84 min
    Elenco: Eva Löbau, Daniela Holtz, Jan Neumann
    Sinopse: Melanie Pröschle é uma professora de 27 anos que se muda para Karlsruhe para trabalhar em uma nova escola. Melanie é otimista sobre sua nova vida, mas ela é rapidamente desmoralizada por sua dificuldade em fazer amigos na nova cidade e pelos estudantes indisciplinados que ela não pode controlar.

Confira a programação completa da Mostra Cinema de Autora

Breve histórico do cinema do Museu Lasar Segall

A história do Cine Segall começou em 1972, com um convênio entre o Museu Lasar Segall e a Cinemateca Brasileira, em que o Museu cedia espaço para programação e armazenamento de películas. As primeiras projeções aconteceram em 1973, inicialmente destinadas a funcionários de uma empresa vizinha em horário de almoço, mas logo se expandiram para o público geral, com sessões regulares aos fins de semana.

A programação sempre oscilou entre filmes populares e cinema de arte, com foco no cinema brasileiro, latino-americano e independente — que produziu mostras como “A Marginalidade do Cinema Brasileiro” (1975), “Marginalidade no Cinema Estrangeiro” (1975), “Quinzena do Cinema Marginal Brasileiro” (1978) e “Cinema Marginal” (1984).

No coração da Vila Mariana, o Museu abrigou mostras de cineastas consagrados, como Serguei Eisenstein (acompanhada da exposição de fotos e desenhos do cineasta), em uma época de repressão: “Encouraçado Potemkin” não foi exibido devido a um veto específico da censura.

A antiga casa de Lasar Segall, na Vila Mariana – hoje um museu do artista. Foto: IpirangaFeelings

Também promoveu intercâmbios culturais com instituições nacionais e internacionais — Centro Cultural São Paulo, Federação Paulista de Cineclubes, faculdades da Universidade de São Paulo e da Universidade de Campinas, Embrafilme, Filmoteca Shell, embaixada e consulados (como o da França e do Canadá), Associação Brasileira de Documentaristas, Cinema Distribuição Independente e Instituto Goethe. Esse intercâmbio continua até hoje.

Em meados dos anos 1980, eram os frequentadores que definiam os filmes em cartaz. Na Oficina de Programação, discutiam e organizavam as mostras com a programadora da Divisão de Cinema, Hilda Machado. Alguns destaques foram “O Cinema Histórico Brasileiro”, “Bergman e o Jornalismo”, “Ciclo Fassbinder”, “A Figura Humana”, “Ciclo da Bitola Alternativa” e “Ciclo para mais Amar Herzog”, este último contando com a presença do próprio diretor.

A partir de 1985, a programação seguiu com foco no cinema brasileiro e alternativo, enquanto o Museu buscava se adaptar às transformações do circuito cinematográfico, tentando equilibrar a exibição de filmes de qualidade com a atração de diferentes públicos, mantendo o compromisso de oferecer ingressos gratuitos e sessões cuidadosas. Exemplos de mostras do período são “O Novo Cinema de Taiwan”, “A Classe Operária vai ao Cinema”,”O Cinema de Vichy – A França durante a Ocupação”, “Alexander Kiuge”, “Marcello Mastroianni” e uma dedicada a filmes cubanos.

Em 2017, o Museu executou projeto de modernização da sala, que incluiu a instalação de projetor e som digitais, nova tela e novos assentos.

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Ipiranga Feelings

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