Como está a ampliação do Parque da Independência?

Dentro dos planos de celebração do bicentenário da independência do Brasil, em 2022, está a ampliação do Parque da Independência, que engloba o Museu do Ipiranga e o monumento Altar da Pátria, de 1922. Com a mudança, a área de 161 mil m² terá um acréscimo de aproximadamente 26 mil m².

O contrato de R$ 1,6 milhão foi assinado em maio de 2019 entre a Prefeitura de São Paulo e o Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (FEMA). É um ponto muito positivo para o bairro, visto que uma boa área verde do parque ficava simplesmente fechada entre muros e inacessível para a população sem motivo aparente.

É neste terreno que fica uma peculiar construção, desconhecida por muitas pessoas do bairro e da cidade: a igreja ortodoxa russa. Relembre o post do nosso Instagram abaixo.

A reforma será dividida em duas partes. A primeira delas, com previsão de entrega em junho de 2020, a tempo das eleições municipais para prefeito, incluirá novos caminhos, acessos, melhorias na acessibilidade, playground, equipamento de ginástica, integração da Casa do Grito, jardim e iluminação.

O Ipiranga Feelings solicitou fotos do andamento das obras à subprefeitura do Ipiranga.

ATUALIZAÇÃO – setembro de 2021: confira fotos e o andamento do projeto neste link.

Fotos: divulgação/Subprefeitura do Ipiranga

Já a segunda fase de ampliação do parque da independência, prevista para 2022, quando reabrir o Museu do Ipiranga, está orçada em R$ 255.920. Dentro dos planos, o objetivo é implantar pista de skate, vestiários, sala do Conselho Gestor e de apoio ao turista, viveiro, instalação de bancos e locais para piquenique, além de espaço para exposições arqueológicas.

Promessa é dívida! O ano de 2022 também será marcado por outra importante agenda política: as eleições para presidente da república. Como estes anos costumam ser “milagrosos” para quem procura votos, a nossa fé aumenta.

Área de ampliação do Parque da Independência – foto: Ipiranga Feelings/reprodução proibida

O quintal de um personagem obscuro

Recentemente, no dia do aniversário de 466 anos de São Paulo, foi colocada uma estátua de bronze de Dom Pedro I ao lado da Casa do Grito. A homenagem veio da Maçonaria do Brasil, que aparentemente ainda reconhece o príncipe regente como o grande nome por trás da proclamação da independência do país, em 1822.

Embora o Parque da Independência tenha sido palco de acontecimentos históricos, o mesmo já não pode mais alimentar a versão folclórica e heroica de “independência ou morte”, conforme ilustra a enorme pintura de Pedro Américo num dos quadros mais icônicos do acervo do Museu do Ipiranga e da arte brasileira.

Foto: Ipiranga Feelings

Porém, foi a primeira esposa de D.Pedro I, a princesa regente Maria Leopoldina, quem assinou o decreto durante ausência do marido. Grande articuladora, ela era chefe interina do governo e fez uma reunião com o conselho do Estado para que a separação de Brasil e Portugal fosse realizada na data.

Na época, uma revolta era temida e esperava-se que a província de São Paulo fosse separada do país. Assim, D. Pedro tratou de resolver questões diplomáticas em São Paulo e Leopoldina, sem esperar pela volta do cônjuge e recebendo notícias de Portugal, tomou a decisão.

Ciente da notícia através de uma carta, D.Pedro teria então feito a proclamação às margens do Rio Ipiranga. Mas há controvérsias nessa versão, pois há relatos de que o príncipe teve uma diarreia no meio do caminho e que tal cena foi meramente marketing, como diríamos hoje.

Junto à José Bonifácio, a arquiduquesa da Áustria fez as manobras políticas necessárias para libertar o país e deu conselhos ao marido durante a crise entre portugueses e brasileiros. Além disso, era uma mulher culta, poliglota (falava 11 idiomas) e entendia de arte, botânica e mineralogia.

Mais de 8 mil cartas entre Leopoldina e sua irmã foram leiloadas na Alemanha, atualizando os livros de história.

Depois de um casamento puramente negociado e estratégico para ambas as famílias, vieram ao Brasil junto a cientistas, por ordem de Leopoldina, que realizaram expedições no país para catalogar riquezas naturais.

Enquanto D. Pedro ficava impopular por seus casos amorosos e Leopoldina conquistava a simpatia do público, ele ordenou que a imperatriz ficasse em cárcere privado. A relação era conturbada e violenta, conforme livros biográficos e correspondências da época.

A imperatriz e mãe de 7 filhos teve uma vida infeliz ao lado do marido, que além de ser infiel, a maltratava e humilhava publicamente. Em carta, escreveu que o príncipe era bruto com ela. A filha primogênita, Maria da Glória, chegou a testemunhar os episódios traumáticos de brigas entre os pais.

No final da vida, Leopoldina estava em depressão. Morreu adoecida aos 29 anos após um aborto espontâneo. Acredita-se que um chute em seu ventre tenha causado problemas de saúde que a levaram à morte.

Porém, um estudo forense da ossada da família real, divulgado em 2012 pela arqueóloga e historiadora Validrene Ambiel, dá outra versão para a causa do óbito: uma infecção teria causado a perda do bebê e debilitado as condições físicas da imperatriz.

Entre teorias e dúvidas sobre seu caráter, D. Pedro I segue como mais uma figura masculina homenageada no parque da independência.

Livros que relatam a vida e a morte desta importante personagem brasileira:

  • A biografia íntima de Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a independência do Brasil, de Marsilio Cassotti.
  • D. Pedro I: um herói sem nenhum caráter, de Isabel Lustosa.
  • Leopoldina, a austríaca que amou o Brasil, de Clóvis Bulcão.

Nota da autora: maçons e nacionalistas, escolham melhor seus heróis. Assim como tantas outras figuras femininas ofuscadas, Leopoldina merece reparação histórica, para dizer o mínimo. Representatividade importa e nós queremos ver isso na prática.

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Redação

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